sábado, 26 de janeiro de 2013

Esquecendo






Por anos eu me perdi
Da consciência do que sou,
Sendo triste,
Sendo uma coisa que não sou.
Escondendo meu rosto,
Não queria que ninguém me visse,
Por medo de ver em alguém
Algo que por tempos eu procurava.

Fechado para o mundo,
Cada vez mais trancado no meu quarto,
Cada vez mais preso,
Sempre quieto,
Calado.

As perguntas que, por vezes me jogavam:
- Você é feliz? - Me perguntava.
- Claro que sou. - Mentia eu, com convicção.
É claro que acreditavam no que eu dizia,
Fora do meu quarto,
Eu interpretava meu papel muito bem.
Dentro do meu quarto,
Eu era eu,
E ninguém suportaria.

Mas só a minha certeza,
A consciência de que algo faltava,
Algo que estaria por vir
Ou algo que há tempos teria ido embora
E jamais voltaria.

E por meses eu aguardei,
Alguém que aos poucos
Me esquecia,
Enquanto eu lutava para lembrar
E ouvia a gravação,
A voz cantada
Que tanto me encantou.

E aos poucos menos eu pensava,
Menos eu ouvia,
Menos eu chorava
E sem aos menos perceber
Eu parei de esperar,
E aquela voz que eu esperava
Se perdeu no tempo,
Como uma carta que guardamos
E logo esquecemos,
Deixando ela amarelar e manchar.




Nathan de Souza Pontual

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